sábado, 31 de março de 2007

MAS, O QUE É MESMO VERDADE?


Quando alguém me diz: "O céu é azul", e eu olho para o céu e respondo convictamente: "É verdade", estou usando o conceito que "VERDADE é uma afirmação sobre a realidade, que corresponde a essa realidade". Esse conceito de "verdade" é simples e objetivo, quase irrefutável enquanto conceito. Ele só exige que acreditemos na existência dessa realidade. E, dentro desse conceito, "verdade" ou "não-verdade" é um atributo dessa afirmação. Isto é, uma afirmação sobre a realidade É ou NÃO É uma verdade. E faz sentido se falar até de "verdades absolutas", que poderiam ser entendidas como "Afirmações sobre a realidade que que têm correspondência total com a realidade".

Mas alguém poderia dizer: "Não existe isso que chamam de céu. E ele não é azul, parece azul. Tudo o que vc. pensa que conhece da realidade é apenas a percepção que vc. tem da realidade. Essa percepção depende dos seus sentidos, que são limitados, e da interpretação que sua mente dá aos dados fornecidos pelos sentidos. E essa interpretação também é limitada, depende de seus conhecimentos anteriores e de seus modelos mentais". Dentro dessa visão, "verdade" não pode mais ser considerado um atributo de uma afirmação, passa a ser um juizo pessoal, e, portanto, subjetivo, sobre ela. Como consequência, deixa de ter sentido também se falar em "verdades absolutas".

Alberto Hashimoto


Há estrelas partidas em
naves que sonhaste e
minha alma se estende oceânica
num verde planeta incandescente...
milagre de chamas de carnes recendem onde
a imaginação da manhã canta triste,

uma aurora recolhida,
abre um cálice de eternidade
eu te deito
num silêncio e
te acolho, nú
tarde, tarde,
a tua mão vai erguendo
uma resina de luz presa nos meus cabelos, uma ágata...
a ímpia riqueza , a umbrosidade de uma paz se transplanta
enverdecendo o negro brilho da pedra úmida, úmida...

as palavras se divertem... catam sombras na tua boca,

o teu sorriso se dissolve no sal de uma praia estiolada.

universo aceso de odores cristalinos,
teu abraço é uma solidão sentida....uma matéria vazia
e sai movendo , louco, objetos dentro de minha casa,
fantasmas mudos,
cegos...

toda a minha vida
arde aberta
o pensamento,
o dourado calcinado do pensamento acende
uma lábia canina, macia,
cerrando
os dentes do tempo que criam outro
vazio de ti....


eu desmaio
a delicada sombra da tua pele machucada
resplende no ar, meus olhos ardem...

uma rosa se fecha crispada, em dor
incendiada
a cor se arrebenta no espelho ,
multidões de crianças coloridas correm
e bincam em silêncio
dentro de mim e de ti
eu te cato por trás dos gritos
eu te sei por trás dos sonhos
eu te tenho...
demasiado
és mais do que o sol que cresce,
meu.

Simone




sexta-feira, 30 de março de 2007

A pergunta que não quer ser respondida

Seja qualquer o método (científico ou não) que se use para responder à pergunta fundamental "De onde viemos?" - cada resposta leva a uma nova pergunta, numa espécie de maiêutica moto-perpétua!

É inevitável dizer que a origem de tudo "sempre existiu" e/ou se "auto-criou":

...Nenhuma resposta parece satisfatória ou definitiva - Seleção Natural, DNA, proteínas, ligações atômica, teoria quântica, Big Bang, Singularidade...O mesmo se diz das religiões: Se Deus criou tudo, quem criou Deus?

E quanto à essência do ser humano? A mente é o fantasma da máquina?
Quando eu digo "este corpo é meu", quem está dizendo isso?
(Lembre-se que não se usa uma expressão para definir ela mesma. Não posso, por exemplo, responder à pergunta acima simplesmente com "eu" porque é exatamente isso que quero definir!)


Vivemos num labirinto. Quem tenta sair só sabe se o caminho escolhido é errado quando chega a um beco sem saída. (Muita gente já desistiu de procurar)


Talvez o labirinto seja tão grande que nunca saberemos se há outros tentando achar alguma coisa também.
As coincidências continuam sendo apenas coincidências: OVNIs, proporção áurea, inconsciente coletivo...


"Será que é só isso?" perguntam milhões de mentes.
Somos apenas animais que tiveram a sorte (ou azar) de ter consciência..??
Temos que desaprender tudo o que aprendemos sem questionar o processo de "desaprendimento"?!

...Conceitos não têm valor? Pela via das dúvidas (paradigma?) nós os mantemos porque parecem úteis. Nossas leis são (ou deveriam ser) baseadas em Ética.


Penguntar, mais do que cansar, incomoda. Ainda bem que uma parcela da Humanidade continua explorando o labirinto - e outra admirando-o.

mais um poema:


APROVEITAdores?
Se te aproveitas de mim?
Não sei...
Se me usas
tal qual um objeto qualquer de prazer?
Tampouco saberia...
Algo aprendi
nessa minha ingrata carreira
no ramo das emoções:
não há quem só se aproveite,
nem quem somente se doe.
Se me usas,
se de mim te aproveitas,
também o faço eu,
à minha maneira,
de outras formas.
Então,
estamos quites.
(pausa para reflexão)
A única diferença
se verá
no fatal momento
de dizer adeus...
Helena Alden

quinta-feira, 29 de março de 2007


Às seis da tarde eu recolho a minha tristeza e trago
pra dentro do meu peito a tua alma acordada...
E a fria virtude das paredes
nem sonha na veste santa da mulher que sai indiferente...
um pombo se choca contra o espaço...
A vida desce líquida, vazia em opalas transparentes,
gotas brancas,
suave rocha oca ...eu vou crescendo na noite do teu sonho
dividido ao meio e um pensamento
atordoado e louco, se move no jardim ...
o espaço respira e arde...
milhões de luas se sentam
contentes em nos ver...

sob a seiva louca...



Sob a seiva louca dos meus pulmões, te respiro
Busco a palha oculta de uma mão que se acende
no escuro deserto , um desejo teu orvalhado e puro
te abraça no meio do ar...
e uma borboleta oculta na asa
uma mensagem levada pela chuva...
Da vidraça, ela te olha...gotas pequenas descem
automáticas, livres, nas tuas mãos,
vc as bebe, e sou eu que morro dentro da tua boca...